sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ex-Silja Line com destino ao abate?

Onyx, hoje atracado em Alcântara.
Lançamento à água do Fennia. Foto copyright, Lennart Falleth.
Fennia, foto copyright Ivan Raborg.
Fennia ao serviço da Silja Line. Foto copyright: Tom Johansson.
Encontra-se atracado aos cais de Alcântara, terminal de passageiros, o navio ferry Onyx. Este é nem mais, nem menos do que o ex-Silja Line Fennia de 1966. O Fennia, foi construído no estaleiro Sound Ltd, em Landskrona, Suécia, com o número de construção 201. Como dimensões iniciais, tinha 128,4m de comprimento, 19,67m de largura e 5m de calado. Possuía à altura uma velocidade máxima de 18 nós, capacidade para 1200 passageiros, sendo 300 acomodados em camarotes.
Os primeiros passos da sua construção iniciaram-se a 7 de Julho de 1964, , sendo baptizado e lançado à água, a 28 de Outubro de 1965, tendo como madrinha a senhora Gunni Krogius. Inicialmente também tinha sido sugerido para o navio, o nome Yoldi. Foi entregue a 27 de Abril de 1966 à Silja Oy Ab, de Turku, na Finlândia. Em Maio de 1966 começa a operar entre Turku e Mariehamn/ Långnäs - Estocolmo, Suécia.
Possui um historial de acidentes como o ocorrido a 16 de Outubro de 1966, a uma milha da costa, pelas 01:10h, com 246 passageiros a bordo, 11 automóveis e 25 camiões, em que os passageiros foram evacuados do navio para Långnäs, pela Guarda Costeira. No dia seguinte todos os veículos são retirados de bordo, para barcaças e no dia 18, o navio é rebocado pelos rebocadores Meteor e Protector, que o levam até ao estaleiro Finnboda Nacka, onde se verificou que existiam 75m de chapa rasgada no fundo do navio, e danos consideráveis no deck dos automóveis.
Fennia, ao serviço da Wasa Line. Foto copyright, Raimo A Wirrankoski.
Em Fevereiro de 1968, os Estados Unidos da América tentaram comprar o navio, para operar no Alasca, no entanto o mesmo não cumpria as duras regras impostas por este país referente a incêndio. Um diferendo que levou a um impasse, que levou à recusa inicial da Silja em vender o navio, posteriormente a oferta ainda foi aumentada, no entanto a Silja recusou a venda, sendo esta mais tarde retomada mas não estando já ao Americanos interessados na mesma.
Em mais um capítulo de incidentes, a 22 de Julho de 1969, o navio sofreu o seu quarto “break-board”, na rota Turku-Estocolmo, sendo um tripulante culpado pelo mesmo.
A 15 de Outubro de 1969, é colocado fora de serviço e vendido para a Svea Line Oy Ab, de Turku na Finlândia, a 6 de Julho de 1970. Em 1971, ostenta o caso todo branco e a marca no casco E3. Em 10 de Outubro de 1971, volta a ter mais um acidente, desta vez ao embater no cais de Turku, o que levou a sérios danos na proa, nos camiões transportados e no cais.
Entre 1970 e 1977 o Fennia operou as linhas entre Turku - Mariehamn / Långnäs - Estocolmo, Suécia. Turku - Mariehamn / Långnäs - Norrtälje, Helsinki - Estocolmo, Suécia.
Em 1972, foi remodelado, aumentando o número de camarotes para 353.
Em mais um dos seus incidentes, a 24 de Fevereiro de 1977, ficou preso no gelo, tendo sido libertado por um quebra-gelos.
Em 1983, serviu de navio acomodação aquando da renovação da central nuclear de Forsmark, no mesmo ano, navegou na Irlanda entre Pembroke e Dock-Cork, não sendo adequado a esta rota por não possuir estabilizadores, saiu da mesma em Setembro do mesmo ano. Foi vendido para a James Line Oy Ab e entregue em 1984, operando na Finlândia e Suécia. Em 1984, voltou a ter mais um incidente, quando um homem caiu ao mar na rota Örnsköldsvik – Pietarsaari, um ano no qual devido a tempestades severas na zona onde operava, chegaram a ferir dois passageiros. Em Outubro do mesmo ano, foi alugado para servir de navio acomodação, novamente, à Wärtsilä, em Helsínquia. Terminado este período voltou a protagonizar mais um incidente, ficando preso no gelo na rota Pietarsaari – Örnsköldsvik, a 7 de Maio de 1985.
No mesmo ano é vendido para a Rederi Sally Oy Ab, Vaasa, Finlândia.
Casino Express, pela RG Line, foto copyright, Marko Stampehl.
Em 1986, entrou de novo no estaleiro Wärtsilä Marine Oy Ab, Turku, Finlândia, para uma renovação brutal, passou a ter 128,88m de comprimento, 19,67m de largura e 5, 15m de calado. Aumentou o número de camarotes para 521, aumentando também a sua tonelagem para 10515GT, a inicial era de 6178GT. Nesta renovação de 17 milhões, a beleza do navio é perdida.
A 1 de Maio de 1988, sofreu uma ameaça de bomba, contudo nenhuma bomba foi encontrada a bordo. No mesmo ano, a 21 de Dezembro assiste o navio Botnia Express, soltando-o do gelo, onde se encontrava preso. Em 1989, desapareceu um dos seus passageiros, na rota Sundsvall - Vaasa. Em Janeiro de 1991, foi transferido para a Wasa Line Oy Ab, que mais tarde se tornou Silja Line. A 12 de Novembro de 1991, derramou 14 toneladas de óleo no mar, em Örnsköldsvik. Após este período vieram várias conturbações de serviço para este navio, com várias rotas pouco rentáveis e várias mudanças das mesmas, sempre no mar Báltico. Em 1994, passou a ser operado pela SeaWind Line, como navio de carga, entre Turku e Estocolmo. Em 1996 voltou a ser palco de mais um insólito incidente, quando pelas 8:30h do dia 13 de Junho, na proa do navio se desenrolou um homicídio, de um engenheiro de 50 anos, perpetuado por um marinheiro de 46, o que levou a duas horas de atraso na viagem. Entre 1996 e 2000, efectuou vários serviços, chegando a efectuar o transporte de veículos novos para exportação. Em Maio de 2000, esteve em estaleiro na Estónia, onde chegou a ter a chaminé pintada para um charter para a Turquia, contudo o negócio não se efectuou, e o navio saiu do estaleiro com as mesmas cores que com entrou, sendo colocado à venda em Vaasa, na Finlândia. Em Fevereiro do ano seguinte, é vendido à RG Line, com registo em Åland. No primeiro dia de Maio de 2001, é renomeado Casino Express e é inaugurada pelo primeiro-ministro finlandês Paavo Lipponen a sua rota, que passou a ser parcialmente financiada pelo jogo a bordo. Em 2002, volta a protagonizar-se mais um incidente a bordo, quando um camião tombou, durante uma tempestade, danificando dois outros veículos, isto a 22 de Fevereiro.

C Express, foto copyright, Jani Nousiainen.

Em 2003, voltou a ficar preso no gelo, sendo esta vez que mais dificuldades teve, em que os quebra-gelos, tiveram de abandonar o serviço devido à espessura do gelo. Desta vez voltou a apresentar danos consideráveis descobertos mais tarde em inspecções, que o levaram de novo a estaleiro para reparações, em Turku. Como este navio não resiste a problemas, a 24 de Novembro de 2004, encalhou em Corte Hill, Umeå. Foi rebocado e reparado na Estónia, no estaleiro Baltic Ship Repair. Em Agosto de 2005 fica parado em Vaasa, sendo comprado a 10 de Julho de 2007 pela Attar Construction Ltd, Kingstown, São Vicente e Granadinas. É renomeado C Express, registado em St. Kitts e Nevis, no porto de Basseterre. A 14 de Outubro viu o seu destino chegar ao fim, quando foi vendido para a Dortel Lta, uma empresa com sede em Aliaga, Turquia, contudo a sorte sorriu-lhe e o amianto que possui a bordo salvaram-no da morte certa. Em 2009, foram relatados problemas de infiltrações e derrames, contudo mesmo assim o navio saiu de Vaasa, após ter sido renomeado de Onyx (22/9/2009), nome que ostenta actualmente. A intenção seria chegar a um fretamento para a Turquia, contudo efectou paragens em Inglaterra, Portland, onde teve problemas nas máquinas durante a viagem, depois rumou a Brest, Norte de França, onde efectou novos reparos a 8 de Dezembro de 2009. Neste momento encontra-se em Lisboa, sendo relatada a sua escala, como arriba e fuga ao mau tempo. Chegou no dia 16 de Fevereiro pelas 13:00h. A sua saída está prevista para o dia 22 de Fevereiro, pelas 23 horas, com destino a Limassol no Chipre. Navega desde 1966 sob o IMO 6600462.
Será desnecessário dizer mais sobre esta viagem. Resta dizer que é uma excelente oportunidade, esta escala, para nos despedirmos deste veterano dos mares do Báltico e ficar a conhecê-lo, também. Uma vez que, é a primeira vez que visita Lisboa e provavelmente a última daí que a sua apresentação tenha sido mais elaborada. Texto, copyright: Ricardo Martins, Lisboa.
Fotos do navio Onyx, em Lisboa, copyright: Rui Agostinho.

1 comentário:

Bruno Rodrigues disse...

Aos amigos Madeirenses quero expressar o meu pesar pelas perdas, pelos estragos e desejo um rápido retomar à normalidade.

Um abraço,

Azores Cruise Club
http://cruzeirospdl.blogspot.com