segunda-feira, 2 de março de 2009

Vintage Ships
Taras Shevchenko – Tara

Em continuação do artigo da semana anterior, sobre o Shota Rustaveli, hoje por aqui navega o seu irmão, o navio Taras Shevchenko, cuja construção é logo a anterior ao Shota Rustaveli.
Este, Taras Shevchenko, foi o terceiro navio Soviético da série de cinco, construídos. À partida esta série apenas seria constituída pelos primeiros três navios, mas depois foi prolongada para cinco construções. O navio foi lançado à água a 16 de Janeiro de 1965, e entregue à companhia Black Sea Shipping a 26 de Abril de 1967. Tinha 19549 toneladas distribuídas ao longo dos seus 176,1m de comprimento e 23,6m de largura. A sua parte submersa exigia portos com profundidades mínimas superiores a 9m para poderem acolher em segurança os seus 8,3m de calado. O estaleiro de construção VEB Mathias Thesen em Wismar
Foi colocado em serviço a zona do mar Negro entre Odessa e Batumi. Fretado várias vezes, efectuou vários cruzeiros, muito atractivos e famosos de volta ao Mundo, nos anos 80. Em Outubro de 1988, entrou no estaleiro de Bremerhaven, para apenas sair dali dois meses depois com uma nova cor de casco, o branco, cor que apresentamos nas fotos que acompanham este artigo, da autoria de Rui Agostinho, numa das escalas do navio no porto de Lisboa, nos finais dos anos 90. Em 1989 foi fretado pela empresa Jahn Reisen por um período de 5 anos. A sua cor original do casco era o preto, cor tradicional da companhia, até devido ao seu próprio nome, Black Sea Shipping. Após a queda da União Soviética o navio ficou sob soberania Ucraniana, mas ao terminar o seu período de fretamento à Jahn Reisen foi transferido para a BLASCO U.K., já em 1995.
No mesmo ano, conheceu a amargura do cais de Odessa, onde permaneceu parado até 1996, altura em que foi reactivado após obras de remodelação entretanto efectuadas, por uma outra empresa do grupo BLASCO, a Cable Navigation, e colocado a operar em cruzeiros no mar Mediterrâneo, contudo no final do mesmo ano voltava novamente a Odessa em situação idêntica à do ano anterior.
Em 1998 deu-se o incidente mais conhecido deste navio. Ao sair de Odessa a 30 de Maio, naquele que seria um cruzeiro de 12 dias pelo Mediterrâneo, com 530 passageiros maioritariamente do Azerbeijão e 271 tripulantes, ao chegar ao porto Grego do Piréu, o navio ali permaneceu durante 5 dias, sem que o seu comandante tenha autorizado a saída dos passageiros como forma de protesto às irregularidades financeiras internas, na companhia. O cruzeiro foi cancelado e o Taras Shevchenko regressou ao porto de origem. Ao passar pelo estreito de Dardanelles, foram avistados passageiros com bandeiras onde estava escrito SOS, devido à sua situação de reféns. Ao chegar ao mar Negro dirigiu-se ao porto Búlgaro de Varna, onde a sua entrada foi recusada, devido à não garantia do embarque e prosseguimento de viagem por parte dos seus passageiros, e pagamentos portuários fossem efectuados. Contudo após a garantia de que todas as despesas feitas por este naquele porto seriam pagas, a autorização de entrada foi concedida. Ali permaneceu até ao dia 11 de Junho. Como resultado os passageiros pediram uma indemnização , à companhia, por danos materiais e morais no valor de $US2 milhões. Perante tal situação o Taras Shevchenko foi fazer companhia ao seu irmão Shota Rustaveli no porto de Ilichevsk, ficando ali ambos parados. Permaneceu ali durante 5 anos. Apesar de ter sido comprado a 22 de Janeiro de 1999 essa transacção foi declarada inválida, e só em 2001, se viu nas mãos de novo dono, sendo remodelado acção esta que custou cerca de $US5 milhões. Após esta remodelação com o navio ainda no porto de Ilichevsk, foi vendido a 29 de Outubro de 2004 a um sucateiro do Bangladesh. Em Janeiro de 2005 e já sob o nome Tara, chegou a Chittagong, onde começou a ser desmantelado 5 dias depois. Imcompreensível o seu final depois de uma remodelação.

Texto: Ricardo Martins, Lisboa.
Fontes: Ships Monthly.
Fotos, copyrights: Rui Agostinho, Lisboa. Simplon postcards e Mehmet Yapici, Fotoio.com.

1 comentário:

João Abreu disse...

Ironicamente hoje está entre nós um gémeo desse belo navio o Marco Polo ex. Alexandr Pushkin, o mais sortudo dos irmãos por ainda navegar, esperemos que assim continue por muito mais tempo, é sempre um regalo de se comtemplar!

Cumprimentos e continuação de boa divulgação!