segunda-feira, 23 de março de 2009

Vintage Ships
Mikhail Lermontov

Hoje retomamos os navios Soviéticos e falamos do restante navio da série Ivan Franko, o Mikhail Lermontov e o que teve o final mais trágico. Este navio foi o último da série a ser construído pelos estaleiros V.E.B Mathias-Thesen Werft, em Wismar na Alemanha de Leste. Com o número de estaleiro 129, foi lançado à água a 31 de Dezembro de 1970, entrou ao serviço a 21 de Abril 1972, com o número IMO 7042318 e recebeu o nome do poeta do Caúcaso, Mikhail Lermontov, a exemplo do baptismo de todos os seus irmãos que receberam nomes de poetas e escritores Russos e Ucranianos. Mikhail Lermontov viveu entre 1814 e 1841. O navio com uma velocidade de 20 nós e autonomia de 130000 kms, iniciou o seu serviço em viagens regulares de passageiros entre Leningrad e Nova Iorque ao serviço da Black Sea Shipping Company. Contudo rapidamente foi reconvertido em navios de cruzeiros por ser mais rentável.Tinha a exemplo dos seus irmãos capacidade para 347 tripulantes e podia receber até 1334 passageiros a bordo. O fim da carreira deste navio deu-se a 16 de Fevreiro de 1986, na costa da Nova Zelândia, quando operava pela CTC Cruise Company. Saiu de Picton para Marlborough Sounds, onde nunca chegou.

O navio embateu com o calado em rochas quando estava a passar no estreito principal que divide a Nova Zelândia, mais propriamente no Cabo Jackson, e com um piloto a bordo, quando este estava a efectuar uma travessia mais próxima de terra para deleite dos passageiros, na maioria Australianos, com a paisagem. Um tripulante Russo ainda tentou desencorajar o piloto a não efectuar a travessia tão próxima de terra, contudo o mesmo garantiu que tal era seguro. Às 17h:37min viajando a 15 nós o Mikhail Lermontov sofreu um rombo a cerca de 5,5m de profundidade. Com sérios danos no casco e vários compartimentos alagados navegou para a baía de Port Gore, onde o piloto tentou fundear o navio, contudo devido a uma falha de energia não foi possível descer os ferros do navio, ficando este a afundar-se. A pressão da água rebentou as portas estanques, que estavam a conter a passagem da água para as partes não inundadas do navio. Recebeu assim a sua sentença de morte, afundando-se nos mares da Nova Zelândia, baía de Port Gore.Os passageiros do navio foram transbordados para o navio MV Tarihiko, um navio LPG (Liquified Petrol Gas, navio de transporte de gás de petróleo liquefeito, ou seja o gás de cozinha), e foram todos salvos, apesar de como era hábito na União Soviética o socorro ao navio não ter sido requisitado às autoridades locais, sendo que este apenas foi prestado porque os navios que estavam próximos souberam que a sua intervenção iria ser necessária, então permaneceram próximos do navio até terem de intervir. Às 20h:30, todos os passageiros estavam resgatados, tendo os tripulantes Russos recusado-se a embarcar.

Um dos últimos registos do navio no seu derradeiro cruzeiro.

Contudo após uma ordem de evacuação todos os tripulantes tiveram de abandonar o navio e 20 minutos após esta ordem o navio afundou-se, tendo falecido um tripulante Russo e vários outros tiveram de ser resgatados das águas.
O Mikhail Lermontov encontra-se a uma profundidade de cerca de 25 a 30m, sendo uma atração para os mergulhadores da zona. É possível visitar o navio em mergulhos organizados por empresas locais, contudo o cuidado é extremamente necessário, pois depois do seu naufrágio o registo de mortes é superior ao da própria tragédia, tendo já perecido três mergulhadores no seu interior, em mergulhos de exploração, sendo que um deles ficou preso dentro do navio. Mais fotos do estado actual do navio podem ser vistas em diversos sítios da internet, recomendamos uma vista ao seguinte endereço com excelentes fotos, clique aqui.

Texto:Ricardo Martins, Lisboa.
Fontes: http://www.maritimemuseum.co.nz/, Wikipédia, Ships Monthly.
Fotos do Mikhail Lermontov em Lisboa e Funchal: Todos os direitos reservados, Luís Miguel Correia.
Fotos: Bas Thomas, Suzette Bothma, museu marítimo da Nova Zelândia e Autores desconhecidos.
Agradecimento:Luís Miguel Correia.

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