Quando foi construído o Rotterdam possui o casco cinza com somente uma pequena faixa amarela. |
Na época em que foi construído, tinha como objetivo, assim como vários outros, como o Camberra, e o France/Norway, cumprir as linhas entre a Europa e a América, os EUA. Porém, com o advento da aviação comercial, teve que se adaptar aos novos tempos, e assim como vários outros navios, passou a oferecer cruzeiros.
Mais tarde o casco do navio foi pintado de azul. |
E assim foi, até 1997, foi um dos mais famosos navios de cruzeiro do mundo, levando a imagem da Holland America Line. Em todo mundo, seja por seu design inusitado, ou por sua imponência, o navio é sempre lembrado quando o assunto é grandes navios do passado.
No Brasil não poderia ser diferente. Além de ter passado pelo Brasil algumas vezes, ainda a serviço da Holland America, o navio fez duas temporadas no Brasil pela Premier Cruises, entre 1997 e 1999. Na época, o navio marcou época por conta de seu serviço e instalações refinadas, e ainda hoje é lembrado como um dos mais interessantes navios a fazer temporadas no país.
Quando veio a Santos, o navio já possuía, porém, com um tom diferente do da época que usava quando navegava para a HAL. |
Um dos brasileiros que teve a oportunidade de conhecer o navio, ainda que fora do Brasil, é o jornalista Sérgio Oliveira, que nos deixa o interessante depoimento sobre sua experiência no navio. Confira:
Aqui é visto no antigo Terminal de Passageiros de Santos, a Casa do Café, no Armazém 15. |
Eu já sabia de sua existência e dos seus itinerários há muito tempo, mas vê-lo ao vivo foi algo inesquecível.
Na temporada 1997/1998 fez doze viagens com embarque em Santos, haviam roteiros para o Nordeste e o Prata, e até um mini-cruzeiro. |
Qual foi a a minha impressão do navio naquele momento? A mesma que teria por vários anos: que ele era um navio estranho por fora. Parecia que algo havia cortado pedaços inteiros dos decks superiores a popa. Faltava uma chaminé própria, central ou dupla. Mas estranhamente, navegando assim lento, ele tinha uma elegância e uma certa majestade.
O navio foi adquirido pela Premier Cruises e renomeado Rembrandt em 1997. |
Lembro também da cor do casco, um azul denso que quase parecia preto mas tinha como que uma camada de poeira por cima. Era um efeito fosco que raramente havia visto então.
Acho que ele estava em um dos seus lendários cruzeiros de volta ao mundo. Vinha só com passageiros em transito, e partiria em algumas horas. A Holland America não havia sido vendida a Carnival ainda, e o Rotterdam ainda era o ‚nau-capitanea’ da frota.
Navegou pela Premier Cruises até 2000, quando a companhia faliu. |
E eis que de repente eu o vejo, agora com o nome de Rembrandt, avançando lentamente em direção ao cais, ainda com o casco de uma cor escura, mas já uma pintura mais padrão do que a que vira na primeira vez.
Me continuava sendo um navio de porte estranho. Mas logo ele atracou e tendo chegado em lastro, sem passageiros, em alguns minutos estávamos na rampa de acesso a bordo (não mais a pequena rampa, perto do cais, mas a própria rampa do terminal que nos deixava em um dos seus promenade decks).
O Rotterdam/Rembrandt tem um estilo de desenho diferente da maioria de todos os outros navios, a começar pelas chaminés, que são inspiradas nas do Eugenio C. |
Os decks eram de teak, bem cuidados e um prazer de serem vistos. Algumas partes, cobertas, lembrando outros navios ainda mais antigos. As cabines eram amplas e com muita madeira na decoração dando uma sensação de harmonia e aconchego nos dias mais frios. No Queen’s Lounge ainda havia o abat-jour fixo sob o qual a Rainha da Holanda fazia seu tricot ou lia nas travessias. No Ambassador’s Club ainda havia aquela atmosfera de ‘boite’ dos anos 60.
Após um longo período de abandono e posteriormente de reformas, o Rotterdam foi recebido na cidade de mesmo nome em 2008. |
Foram horas agradáveis que terminaram quando o embarque dos passageiros começou e o navio deixou de ser somente ‘nosso’. A funcionária (uma brasileira e que iria ficar a bordo até a temporada na America do Sul), muito solicita e com razoavel conhecimento do passado do navio, nos acompanhou até o terminal, aonde nos deu brochuras da temporada que começava e da temporada sul-americana.
Eu voltaria a ver o Rembrandt mais umas duas ou tres vezes mas mais ao longe. Fiquei contente que a idéia de chama-lo Big Red Boat IV não tivesse ido adiante e que ele continuasse igual ao que tinha sido por tantos anos.
A Premier acabou, o Rembrandt foi vendido e rebatizado Rotterdam em 2004. Desde então uma saga de destinos e reformas se passou mas já há algum tempo o navio voltou para casa e é em Rotterdam que eu espero ve-lo em breve e desta vez passar umas noites a bordo do que é o mais interessante hotel da cidade. De momento o hotel ocupa somente algumas cabines e um dos bares. Em breve deve dar aos hóspedes acesso a alguns dos salões. Quando isto ocorrer, será tempo de revisitar esta lenda em forma de navio."
Lá, na cidade onde também foi construído, servirá como hotel, museu e centro de convenções. |
A Premier acabou, o Rembrandt foi vendido e rebatizado Rotterdam em 2004. Desde então uma saga de destinos e reformas se passou mas já há algum tempo o navio voltou para casa e é em Rotterdam que eu espero ve-lo em breve e desta vez passar umas noites a bordo do que é o mais interessante hotel da cidade. De momento o hotel ocupa somente algumas cabines e um dos bares. Em breve deve dar aos hóspedes acesso a alguns dos salões. Quando isto ocorrer, será tempo de revisitar esta lenda em forma de navio."
Para sua nova função, ganhou de volta suas cores originais de 1959. |
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