A aventura num navio de cruzeiro... trabalhando a bordo.

História a bordo do "PRINCESS DANAE" e do paquete "FUNCHAL".

Tudo começa com um sonho, os navios, desde pequena que sempre gostei de navios, em particular por navios de cruzeiro.Tive o convite em ir trabalhar para a Royal Caribbean, e isso fez-me pensar que poderia realizar o sonho de trabalhar num cruzeiro então inscrevi-me na Classic Internacional Cruises.Fui chamada para uma entrevista e fui colocada. Esse dia foi um dia muito feliz, só superado pelo dia em que entrei pela 1ª vez no navio...Lembro-me desse dia como se tivesse sido ontem!!!Antes tive a minha 1ª prova de fogo, o curso de segurança e sobrevivência em alto mar!!! Fantástico, consegui superar o curso e aí sim senti-me capaz de abraçar a nova aventura que tinha pela frente...Quando o dia de eu embarcar lá fui eu com um misto de alegria, porque era a concretização de um sonho e de ansiedade/tristeza pois eu não sabia nada sobre a vida a bordo e também porque iria estar longe da família e dos amigos. O nervoso era tanta que nem o inglês saía!O Princess Danae foi o navio escolhido para a colocação por parte da companhia e havia tripulação de muitas nacionalidades, portugueses não éramos muitos.Na equipa do bar éramos 3, eu, o bar manager e 1 bartender...poucos mas bons!!! Sempre foram o meu apoio naquele navio. Não é fácil ao inicio, a adaptação ao navio, a uma nova vida, novo trabalho e novo horário. Trabalha-se muitas horas, mas verdade seja dita, é mais fácil trabalhar lá 12/14h por dia do que 8H diárias aqui em terra! Trabalhei no "Princess Danae" e depois fui transferida para o paquete "Funchal".No "Danae" aprendi como viver a bordo visitei muitos países, muitas civilizações.Quem trabalha em navios de cruzeiro a sua família passa a ser a tripulação a bordo, pois são eles que se vive diariamente.Há muitas histórias que não se podem contar porque são de infracções às regras! Sim que a 1ª coisa que se recebem quando se entra a bordo é o contrato e um livro com as regras que existem a bordo, quem é apanhado a infringir leva um "Warning" ( aviso ), ao 3º é-se despedido. Mas tive boas histórias, como os cruzeiros pela Noruega, que numa vez alugamos um carro na zona dos Fiordes, para irmos ver um glaciar. Quando chegamos ao glaciar depará-mo-nos com uma situação, que eu nunca pensei ser possível, onde havia um género de portagem, ou seja, um separador onde estava um painel com os preços , dependendo do tamanho do carro, uma caixa com envelopes e outra caixa tipo "correio" em madeira onde se colocavam os envelopes depois de se ter colocado o dinheiro dentro deste. E não havia ninguém a controlar se as pessoas pagavam ou não. Isto só numa sociedade muito civilizada...Ficámos todos a pensar se aquilo fosse em Portugal! As viagens quando íamos sem passageiros, podíamos utilizar e circular à vontade por todo o navio. Havia sempre sessão de cinema à noite e até houve churrasco e espectáculos pela staff francesa de bailarinos só para a tripulação e discoteca! Entre os 2 navios prefiro o "Princess DANAE" em relação ao paquete Funchal, devido a estrutura do navio ter menos claridade que o "DANAE", mas foi no "Funchal"onde encontrei mais portugueses e também onde fiz grandes amizades...passei pouco tempo no "Funchal" mas há muitas pessoas que eu não esqueço de lá. Mas no Danae também conheci pessoas de quem eu não esqueço.No paquete "Funchal" fazíamos sessões de Fado depois de terminar o trabalho, onde era a maneira de nos sentirmos mais perto de Portugal! Com estes exemplos percebe-se porque as pessoas que vão trabalhar para os navios dificilmente saiam de lá, devido a vida pode ter as partes más, mas as boas compensam isso tudo. Simplificando pode-se dizer que quem é que não gostava de ter uma vida assim: passear pelos mais variados países e oceanos, ter sempre dinheiro no bolso, e a única preocupação que tem é ir trabalhar a horas e cumprir com o seu trabalho...Pois tem-se comida, cama e roupa lavada!Assim sendo, desejo a todos os que abraçarem uma aventura destas... Welcome aboard.

Texto e Imagens /Text and images copyright Carina Francisco, Portugal.