Enquanto escrevemos estas linhas o principal jornal diário económico alemão, o Handelblatt, arrasa com a situação económica portuguesa na sua manchete, dando como certo que os investidores e os mercados dão Portugal como perdido, análise assente numa certeza de 80% de probabilidade de incumprimento. É o que de nós se diz por esse mundo fora, é um facto e o Handelblatt não é excepção. Realça ainda este importante jornal que com o desemprego a disparar em flecha e com uma das mais altas dívidas públicas e privadas da Europa, Portugal terá apenas duas hipóteses que serão um segundo pacote de ajuda ou a reconversão da dívida à imagem do que está a acontecer na Grécia. Mais uma vez nada de novo.
Ora, lembremos o que nos levou aos programas de austeridade que diariamente nos empobrece e atormentam, primeiro gastamos o que não tínhamos e segundo pedimos o que não podíamos pagar, ponto. Desenho retirado do blog: Azores Cruise Club.
Não obstante, derretemos todo esse fácil excedente em investimentos que na sua maior parte foram duvidosos e não alavancadores da nossa frágil e débil economia. Investimentos que deveriam ter sido em estrutura e não em infraestrutura, que é de voto fácil e de visibilidade imediata. Lá em casa, o maná serviu para uma orgia de consumo, alimentado e fomentado por instituições financeiras minadas pela ganância da margem gorda e dos dividendos dourados, sem vergonha e sem pudor, nossa e deles. Agora o paradigma da mudança é vociferado a todos nós, réus desta crise, sobre a forma de apelo à responsabilidade cívica da perda de direitos adquiridos, leia-se privilégios, e brutal incremento de obrigações, leia-se desmocratização (alguns blogistas referem-se ao PDEC-Processo de Desmocratização Em Curso).
Dito isto, simples cidadãos desta ainda República, percebendo e bovinamente aceitando as medidas que impostas sob a capa da legitimidade democrática do poder eleito, não do nomeado que é um subproduto desviante deste modelo constitucional, deparam-se com uma confusa ambivalência desmotivadora e arrasadora da ainda sobrevivente e moribunda moral do servidor público - A OBRA.
Proliferam parangonas da dita, diariamente, sistematicamente, malhando em ferro frio, uma ideia que à exaustão repetida como benéfica solução, qual panaceia, deusa grega da cura que banhará com rios de ouro e mel os empresários e habitantes de uma Angra do Heroísmo moribunda, atolada na pesporrência das ideias e soluções de muitos oportunistas desligados do verdadeiro servir e do bem-comum.
Como sempre, fomos doutamente doutrinados no axioma da betonização do território, símbolo e caminho para o primeiro mundo que ilusória e arrogantemente acreditamos merecer sem esforço, sem risco e sem trabalho, e agora chegou o tempo dos paquetes, que chegarão quais chárters cheios de chineses, e cada um com 40 Euros no bolso, no mínimo, para esbanjar em donas-amélias e hortenses secas, é um facto.
A verdade é que a obra proposta é má, não presta, não tem viabilidade prática de utilização, a operacionalidade está severamente condicionada, não serve para aquilo que se propõe. Além disso custa uma fortuna, não os 60 milhões de euros mas mais do que o dobro. Podemos compara-la ao malogrado ATLÂNTIDA, uma fortuna flutuante e decadente que não tem utilidade, muito bonito por dentro mas que não serve para aquilo que foi incompetentemente projectado, ou seja navegar em segurança, e transportar passageiros e carga. E é por isso que mais ninguém quer o navio. Resumindo é caro e não presta.
Um navio, correcção, um enorme navio não é um carro que se arruma em qualquer buraco, a sua mobilidade não está sujeita ao atrito constante do asfalto sob o pneu, num navio é um derrapar constante digno de qualquer troço de terra batida. Quem tenha um pequeno bote sabe por experiência prática do que se fala, mas lembremos que quanto maior a nau maior a tormenta.
Apresentar um projecto feito e aprovado sem ouvir e tomar em conta a opinião e as propostas dos técnicos habilitados para o efeito, os verdadeiros utilizadores de tal infraestrutura, denota a mais desprezível fraude intelectual alguma vez feita neste importante sector. Trata-se de uma manipulação eleitoralista feita com o intuito de sacar o voto ao vaidoso e invejoso bairrista Terceirense, incauto que sonha em ver navios de bolso vazio mas de alma cheia. Um nojo.
Este novo-riquismo militante, ideia absurda de pensar que uma economia deficitária pode suportar os encargos de construção e manutenção de dois portos numa ilha de 56.000 habitantes e distanciados por 22 km, não nos afundará, enterrar-nos-á sim, bem fundo no solo marinho, o qual diga-se deveríamos estar a explorar para nosso gáudio. Gostaríamos de que a risível discussão pública do projecto fosse, tal como foi prometido, acompanhada do estudo de viabilidade económica do empreendimento, só por uma questão ética. Gostaríamos de ver. E por mera curiosidade lembre-se que os passageiros que por cá passam e viajam não pagam taxa portuária, é caricato, nos aeroportos paga-se nos portos não, pois!
Não digam que ninguém vos disse, o caminho seguido aponta para a desgraça.
Temos dito.
Praia da Vitória, 02 de Fevereiro de 2012.
Os pilotos da Secção de Pilotagem da Direcção Geral dos Portos das Ilhas Terceira e Graciosa. ( assinaturas legíveis).
Post relacionado: As potêncialidades do Porto da Praia da Vitória.
Ora, lembremos o que nos levou aos programas de austeridade que diariamente nos empobrece e atormentam, primeiro gastamos o que não tínhamos e segundo pedimos o que não podíamos pagar, ponto. Desenho retirado do blog: Azores Cruise Club.
Não obstante, derretemos todo esse fácil excedente em investimentos que na sua maior parte foram duvidosos e não alavancadores da nossa frágil e débil economia. Investimentos que deveriam ter sido em estrutura e não em infraestrutura, que é de voto fácil e de visibilidade imediata. Lá em casa, o maná serviu para uma orgia de consumo, alimentado e fomentado por instituições financeiras minadas pela ganância da margem gorda e dos dividendos dourados, sem vergonha e sem pudor, nossa e deles. Agora o paradigma da mudança é vociferado a todos nós, réus desta crise, sobre a forma de apelo à responsabilidade cívica da perda de direitos adquiridos, leia-se privilégios, e brutal incremento de obrigações, leia-se desmocratização (alguns blogistas referem-se ao PDEC-Processo de Desmocratização Em Curso).
Dito isto, simples cidadãos desta ainda República, percebendo e bovinamente aceitando as medidas que impostas sob a capa da legitimidade democrática do poder eleito, não do nomeado que é um subproduto desviante deste modelo constitucional, deparam-se com uma confusa ambivalência desmotivadora e arrasadora da ainda sobrevivente e moribunda moral do servidor público - A OBRA.
Proliferam parangonas da dita, diariamente, sistematicamente, malhando em ferro frio, uma ideia que à exaustão repetida como benéfica solução, qual panaceia, deusa grega da cura que banhará com rios de ouro e mel os empresários e habitantes de uma Angra do Heroísmo moribunda, atolada na pesporrência das ideias e soluções de muitos oportunistas desligados do verdadeiro servir e do bem-comum.
Como sempre, fomos doutamente doutrinados no axioma da betonização do território, símbolo e caminho para o primeiro mundo que ilusória e arrogantemente acreditamos merecer sem esforço, sem risco e sem trabalho, e agora chegou o tempo dos paquetes, que chegarão quais chárters cheios de chineses, e cada um com 40 Euros no bolso, no mínimo, para esbanjar em donas-amélias e hortenses secas, é um facto.
A verdade é que a obra proposta é má, não presta, não tem viabilidade prática de utilização, a operacionalidade está severamente condicionada, não serve para aquilo que se propõe. Além disso custa uma fortuna, não os 60 milhões de euros mas mais do que o dobro. Podemos compara-la ao malogrado ATLÂNTIDA, uma fortuna flutuante e decadente que não tem utilidade, muito bonito por dentro mas que não serve para aquilo que foi incompetentemente projectado, ou seja navegar em segurança, e transportar passageiros e carga. E é por isso que mais ninguém quer o navio. Resumindo é caro e não presta.
Um navio, correcção, um enorme navio não é um carro que se arruma em qualquer buraco, a sua mobilidade não está sujeita ao atrito constante do asfalto sob o pneu, num navio é um derrapar constante digno de qualquer troço de terra batida. Quem tenha um pequeno bote sabe por experiência prática do que se fala, mas lembremos que quanto maior a nau maior a tormenta.
Apresentar um projecto feito e aprovado sem ouvir e tomar em conta a opinião e as propostas dos técnicos habilitados para o efeito, os verdadeiros utilizadores de tal infraestrutura, denota a mais desprezível fraude intelectual alguma vez feita neste importante sector. Trata-se de uma manipulação eleitoralista feita com o intuito de sacar o voto ao vaidoso e invejoso bairrista Terceirense, incauto que sonha em ver navios de bolso vazio mas de alma cheia. Um nojo.
Este novo-riquismo militante, ideia absurda de pensar que uma economia deficitária pode suportar os encargos de construção e manutenção de dois portos numa ilha de 56.000 habitantes e distanciados por 22 km, não nos afundará, enterrar-nos-á sim, bem fundo no solo marinho, o qual diga-se deveríamos estar a explorar para nosso gáudio. Gostaríamos de que a risível discussão pública do projecto fosse, tal como foi prometido, acompanhada do estudo de viabilidade económica do empreendimento, só por uma questão ética. Gostaríamos de ver. E por mera curiosidade lembre-se que os passageiros que por cá passam e viajam não pagam taxa portuária, é caricato, nos aeroportos paga-se nos portos não, pois!
Não digam que ninguém vos disse, o caminho seguido aponta para a desgraça.
Temos dito.
Praia da Vitória, 02 de Fevereiro de 2012.
Os pilotos da Secção de Pilotagem da Direcção Geral dos Portos das Ilhas Terceira e Graciosa. ( assinaturas legíveis).
Post relacionado: As potêncialidades do Porto da Praia da Vitória.
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