quarta-feira, 2 de março de 2011

O novo inquilino do Tejo, o Lisbonense.

Está a operar desde a passada sexta-feira, na ligação Cacilhas - Cais do Sodré, o novo navio da Transtejo, o Lisbonense. Este navio, construído na Navalria, em Aveiro. É o primeiro de uma encomenda de dois navios, de valor a rondar os 14 milhões de euros, para a renovação dos navios ferry da frota Transtejo. O blogue Sergio@Cruises viajou neste navio hoje e conta aqui as primeiras impressões, assim como também mostramos as primeiras fotos deste navio a navegar. O Lisbonense chegou a Lisboa, há alguns meses atrás, conforme referimos oportunamente à dataEntretanto ao longo deste tempo esteve parado para obter a documentação necessária para operar como navio de passageiros, assim como para treino da sua tripulação de 3 elementos. (Neste momento está bem acima desse número, por se tratar ainda das primeiras viagens com passageiros).

O navio possui dois decks. O primeiro ao nível da plataforma de embarque/desembarque é a garagem exclusiva para veículos ligeiros, com capacidade para 29 viaturas. Existem duas entradas laterais, operadas com rampas hidráulicas (assim como a rampa da entrada de viaturas) e escadas de acesso ao deck superior, para os passageiros. Dispõe ainda de um elevador em cada bordo, operado pela tripulação para utilização por pessoas com mobilidade reduzida, um ponto positivo nesta embarcação de tráfego local.
O salão de passageiros, dispõe de um bar, acentos para 360 passageiros, com o respectivo equipamento de salvação, televisores, indicação luminosa do estado do navio (acostado/a navegar) e instalações sanitárias.
Todo o navio é monitorizado por câmaras de vídeo, incluindo as rampas de acesso, e salão de passageiros. Como características técnicas o CSGA6 (indicativo de chamada), possui 47,5m de comprimento, 16m de largura, um calado variável, sendo que tem tanques de compensação que fazem variar a altura entre a plataforma de embarque e o navio. O calado máximo é de 2,2m. A tonelagem fica-se pelas 150 TM. A motorização é dupla, com motores de 850 HP e 1800rpm.
A manobrabilidade dos veículos na garagem é boa, sem obstáculos.
Os aspectos negativos neste novo navio, sobressaem logo na escuridão do salão de passageiros que revela a pouca criação de janelas no navio, embora as que existem sejam de dimensões consideráveis. A iluminação natural é melhorada com uma clarabóia de grandes dimensões ao centro do salão, talvez uma preocupação ambiental por parte da empresa, assim como a redução das emissões de CO2 que estão abaixo dos limites aceites para este tipo de embarcação. A falta de espaços e acessos à parte exterior do navio, fá-lo perder demasiada cotação, apesar do mesmo possuir um espaço aberto à proa, em que é agradável viajar ao sabor dos seus 11 nós de velocidade de operação (12 nós de velocidade máxima a 90%) e de um tombadilho em que apenas estão autorizadas a viajar gaivotas e onde estão os equipamentos de salvação. Esta situação deverá ser revista, uma vez que um navio aberto atrai mais passageiros e atendendo ao clima temperado ao longo do ano, no rio Tejo, é possível viajar muitos meses no exterior da embarcação, desfrutando a viagem e o rio. Esta situação contradiz o próprio slogan da Transtejo “Goze a viagem”, uma vez que neste navio os passageiros perdem uma regalia que possuíam e desfrutavam nos anteriores ferrys da Transtejo.
Ainda a referir o demasiado ruído e vibração para os passageiros que viajam à popa, assim como o mau funcionamento das portas interiores e das instalações sanitárias, em apenas alguns dias de operação.
O blogue Sergio@Cruises felicita a Transtejo por esta aquisição apesar de não a aceitar como a situação ideal, uma vez que um navio que possibilitasse a navegação em ambos os sentidos, provavelmente seria mais rápido na travessia e económico uma vez que o processo de acostar e desencostar seria mais célere e possibilitaria a redução nos gastos de combustível nestas manobras. Assim como evitaria também a realização de manobras das viaturas no interior do navio e maximizava o espaço de carga. Numa ligação que compete com a ligação rodoviária os factores tempo e capacidade não foram alcançados com êxito, embora tenham valores minimamente aceitáveis.
O novo inquilino do Tejo.
Popa, vendo-se claramente a garagem.
 
Alentejense
Em termos estéticos o navio possui linhas suaves à proa e bordos, a popa não abona desta mesma opinião. Na pintura a bandeira nacional pintada à popa substitui a bandeira que deveria o mesmo ostentar nos mastros (no comment).
Eborense
Em breve deverá chegar também ao Tejo o irmão gémeo do LX-3206-TL(matrícula), o Almadense, que se encontra em fase de aprestamentos na Navalria.
Com a entrada ao serviço destes novos ferrys é quase certa a saída do Alentejense, navio de 1957 (última remodelação em 2004), e provável saída do Eborense. A esperança para a conservação de um destes navios é a intenção manifestada pela Transtejo em retomar as ligações ferry entre Cacilhas e Terreiro do Paço.
Seixalense e o ferry Lisbonense em Cacilhas, Almada.
Fotos e texto, copyright: Ricardo Martins, Lisboa.

1 comentário:

ManDrag disse...

Excelente reportagem! Parabéns!

Essa da bandeira pintada e não hasteada, é mesmo "sem comentários".

Salutas!